quinta-feira, 14 de julho de 2016

A queda de um símbolo e uma Revolução!

     No surto de uma revolução, nada tem um impacto mais poderoso do que a queda de símbolos. A queda da Bastilha, em 14 de julho de 1789, ratificou a queda do despotismo e foi saudada em todo o mundo como o princípio da libertação. Três semanas depois, a estrutura social do feudalismo rural francês e a máquina estatal Real ruíram.

O que temos a ver com a Revolução Francesa?

     Se a economia do mundo no século XIX foi formada sob a  influência industrial britânica, sua política e ideologia foram formadas pautadamente pela Revolução Francesa. 


- A França forneceu o vocabulário e os temas da política-liberal e radical-democrática para grande parte do mundo ocidental. 

- Lançou o conceito de nacionalismo.
- Elaborou o sistema métrico de medidas.

     A Revolução Francesa é um marco universal. Suas repercussões ocasionaram levantes que levaram a libertação da América Latina a partir de 1808. Todo o padrão articulado através dos movimentos revolucionários subsequentes e suas lições (independente da interpretação) foram incorporadas ao socialismo e ao comunismo moderno. 

Causas 


     A extravagância do life style da Nobreza já era frequentemente apontada como culpada pela crise, mas os gastos da corte restringiam a apenas 6% dos gastos totais em 1788, um ano antes da "explosão revolucionária". A guerra (a França apoiou os EUA na guerra pela sua independência da Inglaterra), a marinha e a diplomacia constituíam um quarto e a metade era consumida pelo serviço da dívida existente. A guerra e a dívida - a guerra americana e a dívida - partiram a espinha da monarquia. 

     A Revolução Francesa não foi feita ou liderada por um partido ou movimento organizado, no sentido moderno, nem por homens que estivessem tentando levar a cabo um programa estruturado. Isso até o surgimento pós-revolucionário de Napoleão Bonaparte. 
     Na base, estava um grupo social que deu ao movimento uma unidade efetiva. Este grupo era a Burguesia. Suas ideias eram do liberalismo clássico, formuladas pelos filósofos e economistas e difundidas pela maçonaria e associações afins. A revolução teria ocorrido sem eles; mas eles constituíram a diferença entre um simples colapso de um velho regime por sua rápida substituição por um novo. 

       

sábado, 16 de abril de 2016

Visconde de Tocqueville: Vida e Obra


      Alexis de Tocqueville morreu num 16 de Abril, em 1859, aos 53 anos. O historiador e pensador político francês foi um dos maiores analistas da célebre Revolução Francesa, ocorrida no final do século XVIII. Defensor ferrenho da liberdade e da democracia, sua viagem de nove meses pelos Estados Unidos marcou seus conceitos de ideologia política e social.  
      "Eu confesso que na América eu vi mais do que a América; eu vi a imagem da democracia mesmo, com suas inclinações, seu caráter, seus preceitos, e suas paixões, o suficiente para aprender o que devemos temer ou o que devemos esperar do seu progresso."
      O aristocrata parisiense ajudou na elaboração da Segunda Constituição Republicana da França e sua polêmica obra "O antigo regime e a Revolução Francesa" - onde argumenta que a revolução trouxe mais impostos e mais centralização de poder do que nos tempos absolutistas - é considerada um marco da ciência política oitocentista. 

segunda-feira, 11 de abril de 2016

A Odisséia de Bento de Góis

Bento de Góis teve uma vida curta, mas recheada de aventuras na Ásia.
     Deixou este mundo há 409 anos o leigo jesuíta Bento de Góis. Este explorador português foi o primeiro europeu a viajar da Índia para a China via Ásia Central, descobrindo que o reino de Cataio e a China eram, na verdade, o mesmo território. Natural dos Açores, o missionário tinha 44 anos quando faleceu em 11 de abril de 1607. Parte do seu diário foi recolhido pelo seu auxiliar Isaac (de origem armênia) e um raro jesuíta chinês que lhe acompanhava. Eles entregaram ao padre erudito Matteo Ricci - que introduziu o catolicismo na China - , que anos depois publicou o relato da viagem.  
      Em um dos trechos Bento de Góis afirma que no temido Caferstan “os mercadores gentios podem entrar na cidade, mas não nos templos” e menciona as vestes negras dos seus habitantes, a fertilidade da terra e a abundância de uvas. Ao provar o vinho da terra, “semelhante ao nosso”Góis deduz que toda aquela região seria habitada por cristãos.
       Depois de uma demorada estada em Cabul, o jesuíta seguiu em direção ao norte, e aí aumentaram as dificuldades. Bento refere um local onde os direitos eram cobrados pelo “rei de Bucarate” (Bucara) e fala-nos da dificuldade em passar por Teshkan (Tashkent), à época administrada simultaneamente pelos emirados afegãos de Bucara e de Samarcanda.      Para além dos problemas com as esferas do poder, havia que contar ainda com os entraves geográficos – “porque é apertadíssimo o caminho, e não há passagem para mais que uma só pessoa, num altíssimo precipício sobre um rio” – e os assaltos dos ladrões, sem esquecer os imprevistos meteorológicos, “a força dos aguaceiros”, que os chegaram a deter durante “quinze dias em campo aberto”.                                                                               O padre francês Henri Bernard afirma na sua obra LFrère Bento De Goes chez les Musulmans de la Haute Asie (1603-1607): “De acordo com os maiores historiadores, se o diário de Bento de Góis se tivesse conservado intacto, seria provavelmente a relação mais importante do ponto de vista geográfico das regiões que ele atravessou”.

sábado, 2 de abril de 2016

De Zauditu á Selassie


A Rainha Zauditu viveu 56 anos.

      Há 86 anos, morria na Etiópia, nordeste da África, a imperatriz Zauditu, a primeira mulher a governar o País em tempos modernos (1916-30). Seu fim significou o início de uma nova era, pois no mesmo ano, emergiu no poder Haile Selassie. Seu nome original era Ras Tafari e pertencia a uma dinastia que acreditava ser descendente do rei Salomão e da rainha de Sabá. Buscando modernizar a nação, trazendo ciência ocidental e tecnologia, o seu discurso na Liga das Nações, em junho de 1936, sobre a guerra em geral e sobre a invasão da Etiópia pela Itália (1935), é considerado um dos mais belos e coerentes pronunciados por um líder político (Etiópia havia sido admitida na Liga das Nações em 1923, logo após abolir a escravatura). Selassie também deu a Etiópia a primeira constituição de sua história, em 1931.




     

segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Mem de Sá: Entre batalhas e decretos


      Natural de Coimbra, o fidalgo português Mem de Sá chegou ao Brasil em 28 de dezembro de 1557 para administrar a então colônia. Já com 57 anos, o administrador colonial rapidamente tomou posse e se estabeleceu em Salvador, na Bahia. Durante seu tempo como Governador-geral do Brasil (1558-72), procurou pacificar as tribos indígenas. 
          Nesse processo, perdeu seu filho, Fernão de Sá, morto por indígenas na Batalha do Cricaré, na província do Espírito Santo. Entre as realizações mais notáveis, destaca-se a fundação da cidade do Rio de Janeiro pelo seu sobrinho Estácio de Sá, a expulsão dos franceses em 1567 e o decreto de leis que protegiam índios catequizados da escravidão. 
      Foi o terceiro governador-geral do Brasil depois de Tomé de Sousa (1549-53) e Duarte da Costa (1553-58).   
       Morreu no verão de 1572 em Salvador. 

terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Puccini e La Belle Époque


      Nascia há 157 anos um dos maiores compositores de Ópera de todos os tempos. Giacomo Puccini, italiano da Toscana, é descrito como um dos maiores expoentes da Ópera realista com temas quase sempre voltados para mulheres heroínas, fins trágicos e o amor. Suas obras frequentemente interpretadas nas artes incluem Madama Butterfly, La Bohéme, Tosca e Turandot
      Fumante compulsivo de charutos e cigarros, contraiu um câncer na garganta, que o tirou deste mundo aos 65 anos.     

Giacomo Puccini * 22/12/1858 + 29/11/1924 

Madama Butterfly (1904):

terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Chico Mendes: ativista símbolo da preservação da Amazônia

        

 Filho de seringueiros pobres e analfabetos, Francisco Mendes Filho - "Chico Mendes" - nasceu em um dia como hoje em 1944. Ele só aprendeu a ler com 20 anos de idade. Os donos de seringais não permitiam escolas. Indignado com as condições de vida dos trabalhadores e dos moradores da região amazônica, tornou-se um líder do movimento de resistência pacífica. Defensor da floresta e dos direitos dos seringueiros, ele organizou os trabalhadores para protegerem o ambiente, suas casas e famílias contra a violência e a destruição dos fazendeiros, ganhando apoio internacional
         Fundou o movimento sindical no Acre em 1975, participando ativamente das lutas dos seringueiros para impedir desmatamentos, montou o Conselho Nacional de Seringueiros, uma organização não-governamental criada para defender as condições de vida e trabalho das comunidades que dependem da floresta.
     Chico Mendes também atuou na luta pela posse da terra contra os grandes proprietários, algo impossível de se pensar na região amazônica até os dias de hoje. Dessa forma, entrou em conflito com os donos de madeireiras, de seringais e de fazendas de gado. Acabava de completar 44 anos quando foi assassinado na porta de sua casa em 1988. Em 90, o fazendeiro Darly Alves da Silva e seu filho, Darci Alves Pereira, foram julgados e condenados a 19 anos de prisão, pela morte de Chico Mendes.