quarta-feira, 20 de maio de 2015

O inicio do multiculturalismo global

Partida de Vasco da Gama em Lisboa. Pintura de Alfredo Gameiro.
     
       No final da tarde de 20 de maio de 1498, o navegador português Vasco da Gama chegava a Calicute, na Índia, na mais longa viagem oceânica até então – foram 11 meses de navegação. Estava estabelecida a Rota marítima da Europa para as Índias na busca pelas valiosas especiarias.
        No final do século XV, o comércio das especiarias com o Oriente era dominado pelos mercadores italianos de Genova e Veneza, que distribuíam pelo Velho Mundo os produtos trazidos por terra pelas caravanas árabes. Os valores eram altíssimos. Para piorar, os turcos otomanos haviam tomada a cidade de Constantinopla, um entreposto importante que ligava a Europa á Ásia.
        O plano ousado de Portugal era chegar ás Índias contornando pela África – trajeto conhecido desde a viagem de Bartolomeu Dias, que dobrou o extremo sul do continente africano em 1487, mas foi convencido a voltar por causa das fortes tormentas. A Coroa portuguesa sabia que conseguindo comprar especiarias diretamente na fonte, poderia revendê-las na Europa por valores mais altos e consequentemente desfigurar o monopólio dos italianos no mediterrâneo.

 “Ao diabo que te dou; quem te trouxe cá?”
Vasco da Gama negocia com o Samorim em Calicute. Gravura dos anos 1850
        Segundo o diário de bordo assinado por Álvaro Velho, ao desembarcarem na praia de Calicute na manhã de 21 de maio de 1498 a frota foi saudada por dois tunisianos que perguntaram-lhes em castelhano “Ao diabo que te dou; quem te trouxe cá?” ao passo que Vasco respondeu “Viemos buscar cristãos e especiarias”.

Legado inestimável
        Inicialmente, o navegador de Sines encontrou dificuldade para negociar, pois o comércio era dominado pelos árabes e havia muita diferença de cultura. Em seu retorno a Europa, dezenas de marujos morreram de escorbuto. Das quatro embarcações da frota apenas a caravela Bérrio e a nau São Gabriel chegaram a Lisboa.  
        O comércio de especiarias viria a ser um trunfo para a economia portuguesa. Vasco da Gama foi recompensado por concluir um plano que levara quase um século para se cumprir e ganhou do Rei D. Manuel o título de Almirante-Mor dos mares da Índia.

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