Partida de Vasco da Gama em Lisboa. Pintura de Alfredo Gameiro. |
No final da tarde de 20 de maio de 1498, o navegador
português Vasco da Gama chegava a Calicute, na Índia, na mais longa viagem
oceânica até então – foram 11 meses de navegação. Estava estabelecida a Rota
marítima da Europa para as Índias na busca pelas valiosas especiarias.
No final do século XV, o comércio das especiarias com o
Oriente era dominado pelos mercadores italianos de Genova e Veneza, que
distribuíam pelo Velho Mundo os produtos trazidos por terra pelas caravanas
árabes. Os valores eram altíssimos. Para piorar, os turcos otomanos haviam
tomada a cidade de Constantinopla, um entreposto importante que ligava a Europa
á Ásia.
O plano ousado de Portugal era chegar ás Índias contornando
pela África – trajeto conhecido desde a viagem de Bartolomeu Dias, que dobrou o
extremo sul do continente africano em 1487, mas foi convencido a voltar por
causa das fortes tormentas. A Coroa portuguesa sabia que conseguindo comprar
especiarias diretamente na fonte, poderia revendê-las na Europa por valores
mais altos e consequentemente desfigurar o monopólio dos italianos no
mediterrâneo.
“Ao diabo que te dou;
quem te trouxe cá?”
Vasco da Gama negocia com o Samorim em Calicute. Gravura dos anos 1850 |
Segundo o diário de bordo assinado por Álvaro Velho, ao
desembarcarem na praia de Calicute na manhã de 21 de maio de 1498 a frota foi
saudada por dois tunisianos que perguntaram-lhes em castelhano “Ao diabo que te
dou; quem te trouxe cá?” ao passo que Vasco respondeu “Viemos buscar cristãos e
especiarias”.
Legado inestimável
Inicialmente, o navegador de Sines encontrou dificuldade
para negociar, pois o comércio era dominado pelos árabes e havia muita
diferença de cultura. Em seu retorno a Europa, dezenas de marujos morreram de
escorbuto. Das quatro embarcações da frota apenas a caravela Bérrio e a nau São
Gabriel chegaram a Lisboa.
O comércio de
especiarias viria a ser um trunfo para a economia portuguesa. Vasco da Gama foi
recompensado por concluir um plano que levara quase um século para se cumprir e
ganhou do Rei D. Manuel o título de Almirante-Mor dos mares da Índia.
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